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Tudo&Nada

Retalhos de tudo...e de nada...

sexta-feira, junho 18, 2004

Noite. Fria. Gelada. Caminho pelas folhas secas que servem de tapete aos meus pés descalços e tentam rasgar os meus dedos, as árvores esbracejam à minha volta e olham-me acusadoramente. Sou uma intrusa. Completamente intrusa naquele mundo que é só delas mas que não podem controlar, pois quem o controla sou eu. Eu controlo aquele momento de paz e prossigo em frente, sempre em frente. Tentam barrar-me o trilho que estava a tentar construir. Não conseguem. Não esperavam que eu fosse assim tão forte. Mas sou.
Um arrepio percorre-me o corpo inteiro como uma descarga eléctrica e involuntariamente desvio o olhar do meu caminho, olho para trás. Alguém me observava. Que lindos olhos aqueles que faiscavam no meio do escuro e desvaneciam à sua volta o emaranhado de árvores. Olhos sem dono, sem cara, sem corpo. Pareciam suspensos no ar, postos ali de propósito para que eu reparasse neles e olhasse por instantes para trás. Voltei-me na tentativa de descobrir a quem pertenciam aqueles olhos, que me tinham feito parar por instantes e alhear-me do meu caminho. Procurei, procurei, procurei...e eis que dois braços me envolvem. E me aquecem. E fico ali de olhos fechados a saborear cada segundo. Uma leve brisa brinca comigo e faz-me sorrir enquanto tudo se desvanece sem que me aperceba. Sinto frio agora. Tanto frio...As minhas mãos estão brancas de geladas. Os meus pés não sentem o caminho e já não me conseguem guiar. Vagueio ao acaso escondendo-me dos olhares que me apunhalam. Desespero por mais uns braços que me resgatem deste momento que já não controlo, que já não é meu. Quero construir o caminho em frente e não posso. Enfraqueci. Enfraqueceram-me. Gelada. Fria. Noite.


1 Comments:

  • At 2:26 da tarde, Blogger StupiDreamer said…

    «Noite. Fria. Gelada. Caminho pelas folhas secas que servem de tapete aos meus pés descalços e tentam rasgar os meus dedos, as árvores esbracejam à minha volta e olham-me acusadoramente.» o caminho da +propria Vida =) eventualmente enfrakecemos e gelamos hesitando como intrusas que somos neste mundo,mas há smepre braços que nos aquecem nem que sejam os nossos prórpios braços!
    gostei da descrição =)*

     

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