html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Tudo&Nada

Tudo&Nada

Retalhos de tudo...e de nada...

quarta-feira, outubro 12, 2005

Aprecia o silêncio que emana de ti e se funde com o uivar do vento que te envolve e enlouquece. Repara neste momento de solidão e entrega-te como um suicida no último instante antes de se atirar do abismo. Escuta este momento e penetra neste tempo que já não é o passar das horas mas o passar das imagens que te surgem nervosamente e te levam para aquele passado, já esquecido, mas irremediavelmente presente e fatalmente futuro. Olha à tua volta e vê que está tudo no seu lugar. Os sofás, as almofadas em jeito de postas ao acaso mas que tu sabes que levaram tempos e tempos até adquirirem o seu lugar mais à esquerda e mais à direita da que está ao centro, o tapete impecavelmente limpo, as mesas pequenas e frágeis com os candeeiros sem luz e as janelas do sotão por onde sorri timidamente a luz de um sol frio de princípio de Outono.
Pensa. Pensa no que te perguntaram e na tua resposta. Não sabem nada, nem podem saber senão nunca tinham perguntado tal coisa. O passado está tão ali, tão à espreita por uma oportunidade de surgir e te enlear os cabelos contra os olhos sem que possas ver o caminho que tomas. Não deixes…Preciso de ti. Para me segurares a mão e dizeres que está tudo bem e que o passado é só o passado e não mais se repete, para me enxugares os olhos ardentes em lágrimas prisioneiras destas janelas de uma alma que só sabe o que sente e só sente o que não está, para me beijares esta boca que só pensa na tua, para te aproximares de mim e me passares toda a tua energia em forma de amor sem que para isso seja preciso sequer um toque, para me possuíres com os teus olhos grandes e me prenderes com o teu sorriso de criança inocente, para apenas estares porque só a tua presença me preenche toda como ninguém faz. E é como se nada mais sobrasse em mim e um pequeno gesto teu me pudesse fazer explodir… (Alguém explode de amor?) …
O silêncio paralisa e é ensurdecedor. Sei que não estou sozinha, embora o esteja. O que me envolve é demasiado real para ser esquecido; nada é meu, é certo, mas tudo se une neste instante que é meu, meu porque aqui estou sem partilha com outro corpo deambulante, instante porque a vida é um emaranhado de instantes em redes e cadeias mais ou menos complexas. Quando penso que agora não estás aqui sinto que, de alguma forma, o teu instante se cruzou com o meu, nem que seja só num breve pensamento de milésimos de segundo…E é tão bom saber que os nossos instantes se cruzam, ainda que em milésimos de segundo e é tão bom saber que estás sempre aqui, ainda que o faças só por instantes.

1 Comments:

  • At 2:11 da tarde, Blogger StupiDreamer said…

    «a vida é um emaranhado de instantes em redes e cadeias mais ou menos complexas. Quando penso que agora não estás aqui sinto que, de alguma forma, o teu instante se cruzou com o meu, nem que seja só num breve pensamento de milésimos de segundo…E é tão bom saber que os nossos instantes se cruzam, ainda que em milésimos de segundo e é tão bom saber que estás sempre aqui, ainda que o faças só por instantes.»

    e são esses instantes que lhe dão algum sentido.esses instantes que nos ligam a uma realidade.que nos fazem existir.e senti-lo. senti mesmo ;)*

     

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