html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Tudo&Nada: 10/01/2004 - 11/01/2004

Tudo&Nada

Retalhos de tudo...e de nada...

terça-feira, outubro 12, 2004

To my little star

Ontem foi a pior noite da minha vida. Estava quase a dormir e lembrei-me. Lembrei-me que um dia vou morrer, óbvio, só que comecei a pensar, não na morte mas nas minhas coisas e em como nunca mais lhes vou poder tocar. Vou simplesmente deixar de existir, para sempre, neste mundo. Fez-me tanta confusão. Fiquei angustiada, o meu coração ficou quietinho na minha mão.
Como eu te compreendo, Ana, também eu penso, na imensa escuridão do meu quarto. À noite. Sozinha o frio vem e completa-me.
Ontem pensei doutra maneira, não foi de morrer, foi de deixar de existir, de ter, de tocar, de sentir. Como é possível tudo isto continuar e eu NUNCA mais ver?
É possível, Ana, tudo é possível neste universo infinito onde cada uma de nós não é mais que uma poeira cósmica. O mundo não precisa de nós para continuar a girar nem as pessoas precisam de nós para continuar a respirar. Assim que morremos tudo prosseguirá exactamente na mesma e o curso da vida correrá como corre o rio, indiferente às pedrinhas que lhe vamos atirando.
Estive o dia todo revoltada com a vida por causa disto.
Revolta-te Ana. Mas não com a vida pois ela é o nosso único verdadeiro tesouro. Revolta-te com todos eles, seres indiferentes, mundo indiferente que nos volta as costas para caminhar em frente no nosso último suspiro, aquele em que estás completamente só, só contigo.
Faz-me confusão o mundo continuar e eu deixar de existir, ser insignificante...Eu ser nada, ter nada...E sinto que nós não aproveitamos bem...
Pois não Ana, bem sei que não. Vivemos para estudar, estudamos para trabalhar, trabalhamos para morrer...Não, Ana, não me perguntes qual é o sentido de estarmos aqui hoje, sob esta forma que somos nós, o que temos para dar, o porquê de sermos precisamente assim e não precisamente diferentes. Não me perguntes, Ana, porque tal como tu...
Não sei.

sábado, outubro 09, 2004

Quem tem medo morre duas vezes

quarta-feira, outubro 06, 2004

De repente acontece. E choro. Choro com toda a minha alma. Choro profundamente, estranhamente. As lágrimas doem de tanto cair e por mais que pense em coisas felizes (como quando quero bordar um sorriso amarelo) não paro. E choro. Enrosco-me na minha cama em posição fetal, sinto-me bem mais confortável assim, protegida...E choro. Arrepio-me. A música começa a tocar agitada, doentia. Fico em branco, apenas com o sal a roçar-me a boca. De repente acontece. E paro. Já não choro.

E a música toca.
E a guitarra chora as mágoas daquele dedilhar humano.
E a voz transporta a alma.
E eu...Eu danço.
Danço ao sabor da música que toca levada pelo choro da alma que canta.

Atiras-te

Caminhas em direcção ao horizonte mas não sabes que deixas algo para trás, algo de muito precioso a que nunca soubeste dar valor, algo em que nunca acreditaste. Os teus passos silenciosos acordam a noite e as estrelas sorriem à tua passagem, como últimas testemunhas dos dias que apodreceram. Olhas e sorris também, com aquele teu sorriso que desarma qualquer um...No caminho de terra batida que tomaste, pontapeias as pedrinhas assustadas em todas as direcções e, ao mesmo tempo, afastas os arbustos que numa tentativa louca te prendem com os seus braços doentios. O teu coração corre agora a galope guiando-te até ao cimo da falésia. E atiras-te. Atiras-te para a imensa noite escura que te engole sem cerimónias, como mais uma pedra resvalada, mais um ramo caído no seu manto...Atiras-te e deixaste-me para trás.