html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Tudo&Nada: 05/01/2004 - 06/01/2004

Tudo&Nada

Retalhos de tudo...e de nada...

segunda-feira, maio 31, 2004

Teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

sexta-feira, maio 28, 2004

Picture of my Own

Save me
from this sadness it's coming
or take me
before my smile it's dissolving
wake me
from this nightmare i'm entering
don't let me fall in the corners of my own

As a tear comes from inside
I feel like i'm gonna drown
and as i'm searching for something to occupy my mind again
I lay
Down on my bed
But then a picture of my soul shows me
there's no way instead

touch me
make me feel i'm alive
or forgget me
maybe i would die with time
love me
all i need is a hug
embrace me
'cause times are going too rough

and as i think i'm lost nowhere
i find where i am all alone
and as i'm desperating slowly just looking
at my night without stars
i pray
that someone could call
but then a picture of my own
tells me i'm made to fall

and it's a picture of my own
a picture of my own
a picture of my own
that's making me feel this way
and i'm so sorry babe
it's all so silent here
up here
here,here...

Fingertips

quinta-feira, maio 20, 2004

Levanta-te! Vê como o dia está lindo!
Não quero. Deixa-me. Quando saíres fecha a porta.
Encosta-se a um canto do quarto, o mais escuro, aquele que ainda está molhado de lágrimas da noite anterior, aquele ao qual não chega nenhum raio de sol por mais que se abram as janelas, aquele que é o confidente, o ouvinte, o refúgio de todos os segundos. Deixa-se cair pela parede abaixo até encontrar o chão. Fica assim de cabeça entre os joelhos mais uns minutos, mais umas horas, mais um dia.
Levanta-te! O sol está a sorrir-te! Anda!
Não quero. Deixa-me. Quando saíres fecha a porta.
Hoje não tem forças nem para se levantar da cama. Fica ali, imóvel, com os olhos postos no nada, sem pensamento nenhum que lhe atravesse o espírito e o liberte daquela monotonia. Lá fora o mundo não pára. Todos prosseguem o seu caminho alheados do que os rodeia, sós no seu mundinho de preocupações. Os carros fazem um barulho ensurdecedor, vibrante de cidade. Os putos correm loucos pelas ruas, tentando chamar a atenção de quem passa. Ninguém lhes liga, está tudo demasiado absorto para se aperceber da presença de uns quantos putos traquinas. Eles também não se importam, continuam a brincar com um sorriso estampado nos olhos. Mais um dia a correr, devagar, devagarinho, parado. Mais um dia que ficou só. Mas ficou porque quis. Ou não?
Levanta-te! Tens uma visita!
Não quero. Deixa-me. Quando saíres fecha a porta.
A porta abriu-se.
Sou eu.
Sai.
Não.
Então não saias mas cala-te. Não quero ouvir a tua voz, nem sequer te quero ouvir respirar, não quero sentir o mais pequeno traço da tua presença.
Está bem. Apreciaremos então o silêncio.
Foi o silêncio mais ensurdecedor da sua vida. Será que não compreendia que queria estar só? Em paz no seu canto de sempre? Só lhe apetecia fugir dali para fora. E foi o que fez. Correu até à porta e saiu. Correu, correu, correu até as pernas lhe doerem. Correu até o coração lhe palpitar a mil à hora. Correu até se sentir como pássaro a quem soltaram da gaiola. Correu como cavalo no meio de um prado infinito de verde. Correu até voar para um outro mundo bem distante daquele. Correu até todas as suas mágoas desaparecerem por momentos, por doces momentos. Se lhe perguntassem quanto tempo tinha durado aquela sensação não saberia responder, tinha parado no tempo como bolha de sabão que paira diante dos nossos olhos que, mesmo sabendo que está prestes a rebentar, continua cheia de cor, cheia de felicidade em reflectir o nosso sorriso. Só que a bolha tem necessariamente de rebentar, tal como a tristeza que espreitava dentro do seu coração pronta a dominar. Os seus olhos antes espelhados por um sorriso ficaram novamente indiferentes a tudo e a todos. Sentou-se então num banco próximo. Não tinha reparado mas aquele lugar onde tinha ido parar era junto ao mar. Ficou a contemplar o que estava para lá do horizonte. As ondas não se atreviam a mexer e os barcos caminhavam caracolosamente vendo os seus marinheiros a dormir ao sol. Tudo estava calmo. Tudo não, o seu coração estava irrequieto, parecia uma pequena criança aos pulos por um gelado. Que estranho...O seu coração nunca estava assim, costumava hibernar...Olhou então em seu redor e eis que se rasga um sorriso à sua frente.
Sabia que aqui estavas.
Como?
Este lugar traz-me memórias que se cruzam com as tuas.
Olhando à sua volta, fazia agora um esforço por se recordar dessas memórias cruzadas. Em vão...Estava num tal oco de sentimentos que não conseguia aceder a recordações algumas. De olhos perdidos no ondulante do mar esquecera-se da presença que estava a seu lado.
Quero estar só.
Levemente como uma pluma soprada do alto de um penhasco abandonou o lugar para aceder àquele pedido que não queria obedecer.
Ficou só. Sem ninguém a seu lado. Só num silêncio que já não era ensurdecedor, já não era incómodo, já nem era silêncio. Como sempre tinha repelido o mais pequeno traço de gente à sua volta. Como sempre estava só, com os olhos postos no nada. Como sempre pôs-se a um canto daquele lugar de terra molhada. Estaria molhada pelas lágrimas secas que não haviam escorrido? Não importava. Nada lhe importava. Nada! Nem ninguém... Tinha caído neste estado de apatia brutal que feria todos, sem que se apercebesse disso mas não se conseguia libertar das amarras tecidas por essa força interior que lhe sugava os últimos vestígios de felicidade. Não conseguia, não queria...Era demasiado confortável aquele estado de apatia para querer saltar para um outro, pois esse salto implicava coragem, uma coragem que não tinha e que não lhe podia ser dada por ninguém, por mais que o tentassem fazer. Ergueu a cabeça, levantou-se e caminhou em direcção ao mar. Estava tão bonito o mar...Sorriu. Sorriu com gosto! Como era bom sorrir! Até sentia os olhos a sorrir, a cara toda, cada músculo do seu corpo sorria! Nem sabia bem porquê, era uma estupidez sorrir sem razão, pensava. Desvaneceu-se o sorriso. Que estupidez estar ali naquele sítio, sentado a olhar uma porção de água salgada cheia de algas e peixes e peixinhos, que estupidez estar a sorrir sem razão, sinceramente....Que estupidez! Levantou-se enojado com a sua atitude. Enojado era o termo para o seu estado de alma. Estava enojado com aquele mundito em que vivia, com as suas atitudes e consigo... Voltou costas ao mar e esbarrou com uma criança. Linda, de caracóis loiros e sorriso aberto, sincero. Pisou-lhe o pé e fez-lhe uma careta desaparecendo a correr dali para fora. Riu-se. Aquela criança tão pequena deu-lhe vida com simples gestos inocentes.
É assim mesmo. As coisas simples, às vezes, despertam-nos.

quarta-feira, maio 19, 2004

Que raio de sensação esta...parece que vou explodir! Não sei para onde olhar lembro-me de ti, não sei o que falar, lembro-me de ti, não sei o que pensar lembro-me de ti, acordo lembro-me de ti, deito-me lembro-me de ti, estou em silêncio e mais do que nunca lembro-me de ti.
Saudade...É isso...Chama-se saudade! É certo que não se devia definir numa palavra...É um sentimento tão intenso, tão forte... Percorre todas as veias, conecta todos os pensamentos num só. O coração fica pequenino, pequenino, apertado...A mente lateja olhando impotente em seu redor...Parece que o mundo não interessa se quem quero não está à distância de um olhar. A multidão palpita à minha volta, incessante, apressada, turbulenta, esmagadora...Procuro-te...Onde estás? Não estás, é simples. Não estás mas estás, percebes? Estas coisas são simples de definir. Não estás mas estás. Tão simples quanto isto e talvez seja essa simplicidade que lhe dá uma beleza tão grande, tão verdadeira.
Saudade... É uma palavra bonita de se pronunciar, saudade... parece que a posso saborear, saudade... É agri-doce! Doce quando me lembro dos momentos que se passaram mas amarga quando me apercebo que ainda falta tanto tempo para os reviver e me lembro de que estou aqui e tu...tu estás para além do que eu desejaria.

segunda-feira, maio 17, 2004

Conversas de msn

Qual é o sentido da vida?(eu)
O sentido da vida é o sentido que tu proprio lhe dás, á TUA vida porque nas dos outros não podes transformar..apenas alterar alguns pequenos aspectos (mauro)
Sim mas não era isso, tipo se tu à partida sabes que vais morrer qual e a pica de andar para aqui a pastar? (eu)
Quando vais comer um gelado..para que é que o comes sabendo que quando o acabares já não vai haver mais gelado? (mauro)
... (eu)

sábado, maio 15, 2004

Estupidezes

.Vazio...parece que não tenho nada cá dentro. Está tudo oco à espera que uma chispa salte e enfim algo aconteça, algo que fuja a este marasmo em que caiu o meu dia a dia. Casa escola, escola casa, instituto, casa, escola, acordar, dormir, comer, beber, falar com este sobre aquele, discutir com esta sobre aqueloutra...Nem imaginação tenho para falar...nem sequer para pensar, ou escrever alguma coisa que preste, ou pelo menos que valha de certa forma ser lida...Não é que o que eu escreva valha a pena ser lido, não vale, na verdade é só uma forma de libertação, posso dizer tudo o que quero, quando quero, como quero e ninguém tem nada com isso, na verdade estou-me nas tintas para o que possam pensar quando forem ler o que escrevi. Olho para o telemóvel, objectozito inútil quando fica calado no preciso momento em que eu quero que toque. Olho para o monitor, nem sei o que estou para aqui a escrever, apeteceu-me tocar nas teclas...É que nem sequer estou a pensar no que estou a debitar para aqui...Isto por acaso até tem um nome, escrever sem pensar...Lembro-me de ter ouvido isso no “Sexto Sentido”, também não me apetece ir à procura do nome disto. Por falar em apetecer...agora reparei que não me apetece fazer absolutamente nada, nada de nada...mesmo nada. Quer dizer...até que me apetecia ouvir uma voz...sentir um corpo...mas...impossível. Totalmente impossível neste momento. Olho para a televisão, um concurso de misses...que giro...gostava de ter as pernas daquela, quem sabe a barriga da outra e a pele da anterior...pois, teria de renascer outra vez, é certo, mas ao menos assim era perfeita....Perfeita...pfff que raio de palavra mais sem sentido...Quando algo for perfeito é milagre, e como não sou dessas crenças...Está-se mesmo a ver onde quero chegar...Pois é...lá tenho de me contentar com o que tenho, não é que me contente só que pensar que é possível já é um começo. E lá estou eu aqui a queixar-me, eu queixo-me tanto...É terrível! Detesto lamentações e no entanto faço-as, são pequenas crises existenciais, falta de confiança, enfim pequenos grandes defeitos, todos os temos. Ai...Esgotei...Vazio.

quinta-feira, maio 06, 2004

Apaguei um dos meus posts

Percebi que há coisas demasiado preciosas para serem partilhadas com todos, basta que sejam partilhadas a dois.

terça-feira, maio 04, 2004

Viva a Vida

A Vida é uma oportunidade: aproveita-a
A Vida é beleza: admira-a
A Vida é um dom: aprecia-o
A Vida é um sonho: realiza-o
A Vida é um desafio: aceita-o
A Vida é um dever: assume-o
A Vida é um jogo: joga-o
A Vida é cara: preserva-a
A Vida é um tesouro: conserva-o
A Vida é amor: saboreia-o
A Vida é mistério: aprofunda-o
A Vida é uma promessa: cumpre-a
A Vida é tristeza: ultrapassa-a
A Vida é uma canção: canta-a
A Vida é uma luta: trava-a
A Vida é uma tragédia: enfrenta-a
A Vida é uma aventura: ousa-a
A Vida é sorte: merece-a
A Vida é preciosa: não a destruas
A Vida é VIDA: luta por ela!

Madre Teresa de Calcutá

domingo, maio 02, 2004

Inocente Malandrice

O meu irmão com toda a sua inocente malandrice pergunta à minha mãe:
-Porque é que não há dia do filho?
Ao que a minha mãe responde:
-Porque o dia do filho é todos os dias.
-Então eu devia receber prendas todos os dias.

Mãe

Mãe.

Luís Filipe Borges