html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Tudo&Nada: 10/01/2006 - 11/01/2006

Tudo&Nada

Retalhos de tudo...e de nada...

domingo, outubro 29, 2006

Porquê?

sábado, outubro 21, 2006

Há sorrisos sinceros e olhares verdadeiros,
Noites de loucura e de solidão,
Uma faculdade que não seria a mesma sem este espírito de grupo tão unido,
Horas sem nada para fazer e aulas impossíveis de suportar,
Lágrimas enxutas por mãos amigas,
Palavras de conforto quando mais se precisa,
Músicas cantadas, às vezes até gritadas,
Bebedeiras e risos estridentes,
Parvoíces ao acaso e momentos inesquecíveis,
Danças de copo na mão ou danças de corpos misturados,
Blogues bem dispostos e contos eróticos,
Sonhos partilhados e viagens memoráveis,
Tristezas desanuviadas, alegrias divididas,
Festivais de Verão e de Inverno se os houvesse,
Fotografias fantásticas e oh-meu-deus-apaga-me-isso-fiquei-com-cara-de-monga,
Conversas até de madrugada mesmo quando já nada se tem a dizer,
Filmes a realizar e sessões de cinema pela tarde dentro,
Brincadeiras, bebidas entornadas, cabelos em desalinho,
Abraços, beijos, carinhos…


Há tudo isto graças a vocês, que ficarão gravadas nas páginas do meu livro. Obrigada.

sábado, outubro 14, 2006

Aproximaste-te de mim como cão abandonado. Pullover castanho, talvez em tempos tenha sido bege, calças de ganga a rasar o chão e ténis azuis-escuros cobertos de poeira. Não eras muito alto e as costas vergavam-se sob o peso do mundo, os teus braços eram demasiado compridos e as mãos estavam sujas, sujas… A barba por fazer e o cabelo oleoso de não ser lavado completavam o quadro desmazelado da tua figura.
Não queria olhar de frente para ti, sabia para o que vinhas, mas a minha curiosidade não me obedeceu. E foi então que reparei nos teus olhos. Eram de um azul vivo, quase turquesa, onde bailavam faíscas de medo e ódio. Estremeci.

- Arranja-me oitenta cêntimos para uma sopa.
- Não tenho moedas comigo.

Não tinha mesmo…

- Nem vinte cêntimos?
- Não.
- Porra! Nem vinte cêntimos?
- Já disse que não.
- Fodasse obrigado!

E foste embora, tão de repente como tinhas aparecido, meio cambaleante e a dar pontapés no ar. E eu fiquei ali, naquela esplanada, a ver-te ir embora, sem nada mais que me ocorresse a não ser uma tristeza enorme pela tua desgraça.
Aposto contigo que terias todas as raparigas que quisesses. Não eras bonito mas a tua cara tinha uns traços invulgares, apesar da degradação visível, que te davam uma piada sedutora e os teus olhos vazios facilmente se preencheriam…
O meu olhar continuou a perseguir-te os passos mas a impotência paralisava-me os músculos. Como seria possível que alguém se perdesse assim? Será que ninguém o encontrava? Ou ele não queria ser encontrado? Não sei…

Gente perdida.